Capítulo 01.

Notas iniciais do capítulo: Primeiro capítulo só pra apresentar os personagens, sem fortes emoções ainda, rs. Gira em torno dos primeiros minutos do protagonista no colégio nova iorquino Under Heaven High School. Tenham uma boa leitura!

Era segunda feira e o dia havia amanhecido levemente frio, o que fez Josh Portwood preferir ficar em sua cama e não ter de ir à escola. Seu desejo parecia que estava prestes a se tornar realidade até que foi tomado por um clarão de luz vindo da janela de seu quarto que fora aberta por sua mãe, Lucciana Portwood.

— Bom dia meu querido, está na hora de acordar.

— Ah mãe, deixe-me ficar dormindo. Não quero ir para o colégio.

— Suas férias já acabaram e não tem porque você ficar dormindo ao invés de ir à escola. São apenas seis meses e você já estará livre. Vamos, trate de se levantar e trocar de roupa. O café da manhã já está pronto e eu te levarei à escola em 20 minutos. – Dito isso, a senhora Portwood saiu do quarto de Josh.

Lucciana era uma jovem mulher no auge de sua beleza em seus trinta e cinco anos de idade. Tinha cabelos castanhos claros e os deixavam sempre soltos. Era de uma pele branca em tons rosados e tinha um par de olhos cor-de-mel que realçavam a sua beleza. Sua maçã do rosto era bem desenhada, tinha uma expressão serena e mesmo que usava de um tom imperativo ao acordar seu filho, ela não aparentava ser o tipo de pessoa que era rígida ao dar ordens. Vestia trajes elegantes como de costume, estava com um vestido lilás e uma sandália bege. Seus cabelos sempre soltos davam um aspecto jovial que lhe diminuía a idade.

Josh levantou-se da cama e espreguiçou-se. Tirou seu pijama, abriu seu guarda-roupa e pegou uma calça jeans preta, uma camisa “gola V” de cor azul, sem estampa alguma e um par de tênis “All Star” preto e branco em sua sapateira. Após vestir-se, parou na frente do espelho e ficou em duvida se ia com o cabelo arrepiado ou com um penteado clássico. Optou pelo clássico após ver que seu gel havia acabado. Josh tinha os olhos azuis e cabelos negros, ambos herdados de seu pai Adam Portwood. Era de uma estatura média, magro e tinha a musculatura levemente definida. Era branco, mas não tanto quanto a sua mãe. Sua expressão também era serena, mas ao contrário de Lucciana suas expressões eram mais definidas.

Desceu para a cozinha e tomou seu café da manhã, logo pode ouvir o som do carro de sua mãe que estava a sua espera para o levar ao colégio.

...

Para Josh, geralmente o primeiro dia de aula sempre eram ruins, mas ele nunca havia chegado a uma escola totalmente privado de colegas ou no mínimo algum conhecido, pelo menos no Brasil. Isso estava lhe torturando, mas o que mais lhe torturava era ele cair em si e ver que eu estava sendo torturado por coisas que criancinhas de seis anos costumavam passar.

“Josh, relaxe! Afinal, o que pode ter de tão ruim ou que você não conheça em uma escola aparentemente igual como as outras que você já estudou, mesmo agora você morando em New York?” Foi o que ele ficou pensando no caminho do colégio. Riu secamente como que tentando se convencer de que o dia não seria tão ruim assim como ele pensava. Seria só questão de tempo para ele se enturmar. Balançou a cabeça numa tentativa frustrada de afastar essa insegurança e viu que estava assim por estar fora do Brasil. Tentou distrair essa confusão mental.

...

O colégio era muito bonito, tinha uma estrutura magnífica e era imenso. A única coisa que não agradou Josh logo de cara foram os muros que deixavam o colégio com um aspecto penitenciário. Adentrou o grande portão e se deparou com jardins bem cuidados e com uma infinidade de flores e algumas árvores que embelezavam o interior do lugar. Seguiu a passarela que estava preenchida de garotos e garotas que não seguiam a regra escolar de se usar o uniforme e viu que ao passar por eles, Josh acabou se tornando o assunto das rodas de alunos. Tentou ignorar e continuou seu rumo a porta principal em meio de muitos adolescentes que conversavam eufóricos sobre suas experiências sexuais nas férias de inverno e nem se importando com quem pudessem lhes escutar, entre outros que falavam apenas de futebol, festas e algum campeonato que eles fizeram questão de rodar alguns quilômetros para que pudessem assistir a tais.

Quando Josh passou toda essa multidão ele se lembrou de olhar as horas. Tirou seu celular do bolso e viu que ainda faltavam trinta minutos até que a primeira aula começasse. Deu uma olhada a sua volta a procura de algum lugar sossegado em que pudesse se sentar e esperar sem que ele corresse o risco de ser assunto na boca dos veteranos, e foi quando ele viu uma menina se separando de um grupo, de provavelmente amigos, e se sentando sozinha em um banco que cabiam umas quatro pessoas. Ela possuía uma câmera fotográfica em mãos e tinha uma expressão solene, porém dotada de uma concentração como quem analisasse atentamente alguma coisa, no caso, uma fotografia. Não havia mais bancos disponíveis ali por perto, então Josh arriscou um contato.

— Espero não estar incomodando, é que eu vi apenas esse banco com lugares sobrando...

— Oi? Ah, sente-se. - A garota sorriu e voltou a prestar atenção no jardim até se dar conta de que Josh era novo no colégio. – Desculpe-me garoto... Você é novato? - Sorriu mais uma vez e fitou-o curiosa.

Josh havia ficado levemente corado, mas tentou agir normalmente. Era apenas um contato com outras pessoas.

— É... sou novato sim. Mudei-me de São Paulo - Brasil para New York nessas férias para terminar o ultimo ano aqui e ainda não me adaptei... Temo que aqui na escola as coisas sejam um pouco piores.

— Não se preocupe, as coisas aqui não são tão ruins assim. E olha que coincidência, eu também sou do ultimo ano. Muito prazer, sou Chelsea Shedler, e você?

— Josh Portwood. O prazer é todo meu, Chelsea.

— Pode me chamar de Chels, mesmo. — Chels desligou sua câmera e a guardou em sua bolsa extremamente rosa que estava ao seu lado. Além da bolsa rosa, Chels vestia um vestido decotado que terminava acima dos joelhos, também na cor rosa e um sapato preto de salto pequeno. Era loira de um cabelo fosco que quase se aproximava de um loiro prestes a chegar em um tom quase branco, tinha uma maquiagem carregada de preto nos olhos e era uma das garotas que não seguiu a regra de estar uniformizada. Muitos estavam sem uniforme, talvez por ser primeiro dia de aula pós-férias de inverno então não tinha problema. Josh ainda pegaria seu uniforme na diretoria assim que tivesse a oportunidade e soubesse onde ficava a mesma. — Você conhece alguém por aqui?

— Infelizmente não conheço, inclusive cheguei aqui hoje meio perdido nesse colégio...

— Essa escola não costuma ser o habitat de gente legal, sabe, mas não vai ser difícil de encontrar alguém legal por aqui. Se você quiser, posso lhe apresentar à minha turma, são pessoas bem legais e também estão no ultimo ano. – Chels era uma garota muito animada que sempre se mexia e gesticulava com as mãos enquanto falava.

— Er... por mim tudo bem, não vejo problema... — Josh ainda estava tímido, mas estava conseguindo se soltar. Foi bom pra ele conhecer uma garota que não fizesse o tipo totalmente “patricinha” apesar de levemente ter passado essa primeira impressão.

— Você não fala muito, né? E eu aqui tagarelando feito uma louca para você! — Chels riu e se encolheu, olhando para Josh.

— É que sou um pouco tímido com quem eu não conheço, é normal isso para mim. Mas é só no começo também, logo isso passa, eu espero. E você não é uma louca, está sendo simpática comigo, obrigado! – Havia trocado mais de três frases com a garota que havia acabado de conhecer, isso foi uma evolução e tanto, pensou Josh.

— Vem, não vamos ficar aqui parado que logo a aula começará. Vou te levar até o pessoal. — Chelsea pegou sua bolsa em uma mão e puxou Josh com a outra e seguiu para o outro lado do colégio, aonde a quantidade de pessoas ia diminuindo. Josh apenas a acompanhava.
Chelsea fez uma pausa e tirou a câmera fotográfica da bolsa, olhou para os lados e começou a fotografar um dos jardins do colégio. Fotografou as rosas, os lírios e as violetas. Fotografou algumas árvores frondosas e fotografou uma em que alguns jovens estavam sentados no verde e limpo gramado apoiado na mesma. Foi se aproximando e virou-se para eles, e após uma fotografia começou a gritar.

— Achei vocês, finalmente!!! – e começou a saltitar alegremente para todos.

— Que susto, Chels. Você some do nada e aparece do nada nos assustando desse jeito!

— Eu disse que ia sair para fotografar o novo visual do colégio, que por sinal está lindo demais. Não perderia essas fotos por nada, nunca se sabe quando algum vândalo vem a destruir nossa escola. — Disse e fez bico. — Mas largue de reclamar, o susto nem foi tão grande, Nicholas.

— Já te disse para não me chamar de Nicholas aqui no colégio, Chels!

— Tá, ta Nick. Galera, tem aluno novo aqui no colégio, acabei de conhecê-lo e vim apresentá-lo à vocês. — disse para Nick e para os outros jovens que ali estavam após puxar Josh para frente da árvore em que estavam sentados sob a sombra. – Esse é Josh Portwood, veio do Brasil para New York nessas férias e vai terminar o ano letivo conosco.

— Oi Josh, sou o Nick. Muito prazer. – e um garoto baixo, branco, cabelos e olhos castanhos claros, de óculos quase-fundo-de-garrafa, calça jeans e camiseta xadrez fez um animado aceno para o mesmo, sem se levantar. Josh sorriu.

— Eu sou Vanessa, a única que não faz questão de ter seu nome diminuído aqui nessa turma. Seja bem vindo, Josh. — Vanessa levantou e ambos se cumprimentaram com um beijo no rosto, após isso a mesma senta-se novamente. Ela era morena e tinha negros cabelos cacheados, usava calça jeans e jaqueta jeans. Quando Vanessa se senta, ela cutuca um loiro que estava virado para o muro, ele não havia notado a chegada de Chels e Josh, pois estava de olhos fechados e fones de ouvido, seguindo o ritmo de alguma música alta que tocava em seu celular. – Hey Kee, terra para lua, acorde!

Eis que um garoto de bermuda azul florida, camisa tipo regata e fones de ouvido tira os fones e vira-se furioso para reclamar com quem havia lhe incomodando, mas teve uma vertigem por um momento quando estava alterando sua voz...

— Odeio que me incomodem quando estou ouvindo... Minha... M-m-úsica...
Uma longa pausa tomou conta da boca do garoto, e um longo silêncio estava para começar até que Chels começou a falar.

— Ok senhor sou-estressadinho-por-favor-não-me-perturbem! Josh, não ligue para o Keegan, ás vezes meu irmão fica nesses dias em que não podemos nem dirigir a palavra para ele que ele vem com cinco pedras na mão, pronto a atacar quem for. Mas ele costuma ser legal, vamos?

— Hey, hey, espere... Aonde você vai? Não disse que veio apresentar o novato? Keegan se levantou, guardou seu celular e seus fones de ouvido no bolso e estendeu a mão para Josh, fitando-o sem nem piscar. — Muito prazer, Josh... Sou Keegan.

— Então você estava nos ouvindo, seu antipático! Kee é meu irmão, Josh. Mas esse bruto não vai andar conosco, relaxe.

— Calada patricinha ou escondo suas maquiagens e acabo com seu mundo encantado da Barbie em que você vive. – pronto, Kee havia tocado na ferida de Chels. A coisa que a menina mais odiava era ser comparada a meninas fúteis que se preocupavam o tempo todo em fazer compras e se maquiar. Ela era vaidosa sim, mas nunca chegou ao nível de futilidade em que as chamadas “patricinhas” viviam. – Keegan soltou a mão do cumprimento de Josh e correu quatro passos de sua irmã, que foi segurada por Vanessa, evitando assim que ela desse alguns tapas em seu irmão.

— Keegan, você é um idiota mesmo. Eu ainda bato em você por isso. – e foi pega de lado por seu irmão em um abraço apertado, aos risos.

— Sua boba, estou brincando com você, ok? Relaxe. Josh, é tudo brincadeira, não somos irmãos que se espancam como você deve estar pensando. – E riu junto com Vanessa e Chels, que arrumava seu então despenteado cabelo. Soltou Chels e parou de rir depois que se pegou encarando sem parar o novato.

E Josh continuou encarando Keegan depois das risadas e todos ali terem se sentado sob a sombra da frondosa árvore em que estavam. Alguma coisa no garoto havia lhe chamado a atenção e ele estava tentando descobrir o que era.

Notas finais do capítulo: Capítulo curtinho e a leitura acaba não ficando cansativa, não é? Então prossigamos à continuação, e que não se esqueçam de comentarem comigo aqui o que vocês estão achando.